Por indicação da vereadora Maria Leticia Fagundes (PV), os médicos dr. Ermelino Franco Becker e dra. Giovana Romano orientaram as servidoras da Câmara Municipal de Curitiba sobre o câncer de mama, nesta segunda-feira (23).
“Informações sobre a evolução do tratamento e a auto-estima das mulheres são muito importantes e nós, no legislativo, estamos à disposição para encontrar uma forma de promover mais saúde para população, especialmente para as mulheres. Podem contar comigo”, declarou Maria Leticia.
A ação foi realizada em alusão ao Outubro Rosa, pelo setor de Medicina e Saúde Ocupacional, em parceria com a Diretoria de Administração e Recursos Humanos (DARH)para alertar à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama.
“Por que eu, um homem, estou abrindo este evento?”, questionou o diretor geral da Câmara, Nilton Cordoni. “Porque sou um homem cercado de mulheres, em casa, no trabalho. Temos a responsabilidade de levar esse tema com quem eu trabalho, somos corresponsáveis neste tema”, disse às servidoras do Legislativo, presentes na palestra.
Para os dois especialistas convidados a falar sobre o assunto, o rastreamento da doença na população e o atendimento do paciente devem ser prioridades nas políticas públicas de saúde. “No sul [do Brasil] está a maior incidência de câncer de mama. Há fatores de risco, como obesidade, cigarro e genético. E fatores específicos, prevalentes aqui no sul. Os gestores de saúde locais precisam ficar atentos”, alertou Ermelino Franco Becker, médico oncologista.
Já a formação de uma equipe multidisciplinar para o atendimento do paciente com câncer foi frisada pela especialista em cirurgia plástica e reparadora, Giovana Romano. “Todos estão no mesmo nível de atenção, de humanização. Se importar com o outro, a ajudar a resolver o problema do outro. Essa é a tônica que muitos hospitais e serviços de saúde têm procurado oferecer”, disse a médica.
Ermelino Becker informou que o câncer de mama representa 20% dos cânceres que atingem as mulheres e que, por estar no topo da lista, precisa de atenção. “Até os anos 1970, não se podia falar em câncer”. Segundo ele, esse temor da população vinha em decorrência da alta incidência de mortes causadas pela doença. “Mas muita coisa mudou e hoje temos que informar abertamente sobre esse tema”, disse.
Segundo o especialista, um dos motivos que levam ao aumento do número de mortes em decorrência do câncer é “não morrer por outras causas”, como infarto ou derrame, por exemplo, que hoje podem ser mais facilmente atendidas. “A indústria farmacêutica não quer a cura do câncer! [dizem] Essa é uma ideia descabida”, declarou Becker. Para ele, o mesmo paralelo pode ser feito com relação a AIDS.
“A ciência pode não ter encontrado uma cura definitiva, mas tem encontrado medicamentos que têm ajudado a dar uma sobrevida, muitas vezes de anos, para pacientes que antes não viveriam mais do que meses. Não se achou a cura. Mas hoje elas vivem anos. Conseguiram ver seus filhos crescerem. Sob muitos aspectos, encontramos a cura para o câncer, mas não para todos os tipos, nem todos os casos, nem todas as pessoas, nem para todas as partes do mundo”, ponderou Ermelino Becker.
Para Giovana Romano, o sentido da campanha Outubro Rosa precisa ir além da iluminação dos monumentos e do uso da fitinha rosa nas roupas. “Como é o bastidor disso tudo? Como funciona o hospital, a parte que a gente não vê, o que efetivamente muda na vida da pessoa, o diagnóstico, o tratamento e talvez a cura?”, questionou. Ela também falou da importância de existir pessoas públicas que expuseram seus exemplos na mídia, como a apresentadora Ana Maria Braga, a cantora Elba Ramalho e a atriz Angelina Jolie.
“A Angelina tinha uma síndrome genética com alta probabilidade de desenvolver câncer. Sua cirurgia [de retirada das mamas] foi altamente mutilante. O caso dela foi interessante, um agente propagador, ela não teve medo de contar, uma mulher bonita. Tirou a mama porque era uma maneira de evitar a doença”, relatou Giovana, que falou da própria experiência de ter a mãe diagnosticada com câncer de mama.
“Me vi com a mesmas dificuldades e por isso acabamos tendo um outro olhar para o problema”, contou a médica que faz parte do Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária, trabalho social coordenado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica que atende a população carente que aguarda pela cirurgia no SUS.
A chefe da divisão de programas de Saúde Ocupacional da Câmara, Liege da Fonseca Rocha, informou que até o 30 de outubro continua a campanha do setor para a arrecadação de lenços para doação à Associação das Amigas da Mama (AAMA).
Foto: Rodrigo Fonseca CMC