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Roda de conversa destaca papel das mulheres na agricultura

Evento fez parte das discussões da 20ª Jornada de Agroecologia, que ocorreu em Curitiba entre 22 e 26 de novembro

Mais de 30 mulheres reunidas na Tenda de Saúde Popular da Jornada de Agroecologia
Roda de Conversa sobre Violência contra a Mulher. Foto: Nina Zambiassi.

Durante a 20ª Jornada da Agroecologia, que ocorreu em Curitiba entre os dias 22 e 26 de novembro, a vereadora Maria Leticia (PV) participou da roda de conversa “Violência contra a mulher: uma questão de saúde pública”, que reuniu cerca de 30 pessoas de diversas partes do Paraná e da América do Sul.


A discussão abordou temas como a violência de gênero nas comunidades rurais, a saúde sexual e reprodutiva das mulheres, a invisibilização do trabalho feminino na agricultura e a excessiva carga de responsabilidade das mulheres no trabalho do cuidado.


“As mulheres têm um papel importantíssimo na produção de alimentos e na sobrevivência do planeta. Precisamos nos unir e estar juntas”, afirmou Maria Leticia.


Durante o debate, a vereadora trouxe dados sobre o trabalho feminino no campo, como o fato de que, em áreas rurais, embora as mulheres representem de 50% a 80% da força de trabalho mundial na produção de alimentos, elas possuem menos de 10% das terras, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).


No Brasil, apenas 947 mil das 5,07 milhões de propriedades rurais são dirigidas por mulheres. O número corresponde a 19% das áreas. O dado é do levantamento “Mulheres Rurais”, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do IBGE, publicado em 2020.


Mais de 30 mulheres reunidas em roda na tenda da Saúde Popular da Jornada de Agroecologia
Lideranças femininas discutem as dificuldades das mulheres do campo. Foto: Mandato Maria Leticia.

Violência contra mulheres no campo


A roda de conversa também abordou as violências e abusos enfrentados pelas mulheres no campo. Ao menos cinco participantes relataram experiências pessoais envolvendo a falta de autonomia como agricultoras e jornadas extras de trabalho com o cuidado da casa e de familiares.


No ano passado, o Brasil registrou mais de 30 mil denúncias de mulheres que foram vítimas de violência doméstica em zonas rurais. O número foi divulgado em julho de 2023 a partir de um levantamento feito pelo G1 com dados das Secretarias de Segurança Pública dos estados e do Distrito Federal.


As mulheres que vivem em regiões rurais, conforme pontuou a vereadora Maria Leticia, enfrentam dificuldades ainda maiores para conseguir romper com o ciclo das agressões em comparação com as que vivem em centros urbanos.


Isso acontece por diversos motivos como o isolamento (muitas mulheres moram distantes de vizinhos ou locais de sociabilidade, o que dificulta o pedido de ajuda e o acesso à informação), a distância dos serviços de saúde e delegacias, e o impedimento de acessar recursos financeiros, por exemplo (em algumas comunidades rurais, é comum que o homem controle os bens e o dinheiro).


“É preciso melhorar a rede de atendimento das mulheres, principalmente para aquelas que vivem em áreas rurais. Uma das formas de combater a violência contra as mulheres e lutar por elas é essa roda de conversa. Essa ação coletiva é fundamental”, disse Maria Leticia.


A vereadora, que também é procuradora da Mulher na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), destacou que é necessário criar estruturas para levar suporte às moradoras de regiões rurais do país e enfatizou a atuação da Procuradoria da Mulher (ProMulher), que recebe, atende e acolhe denúncias de mulheres de todo o Paraná.


Por fim, a parlamentar defendeu a importância de as mulheres ocuparem espaços de poder visando uma mudança estrutural na sociedade. “É preciso trazer o tema da violência pensando em soluções para as mulheres, e isso passa pela política. Precisamos fazer leis que caibam na nossa realidade de hoje.”

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